terça-feira, fevereiro 13, 2007

Domingo

Era domingo. Um domingo quente e ansioso. O céu tingia-se de uma leve brisa nebulosa que embaciava o olhar. Um olhar suave e discreto espreitava por entre as ramagens frágeis de fim de inverno. A claridade tonava-a pálida. Uma palidez de alma da qual saltava o vermelho sangue do seu verniz.
De repente aquele olhar despiu-se de vergonhas e tornou-se forte e desconcertante. De um verde esmeralda brilhante. Tão brilhante como nunca o tinha conhecido. O verde de antes de o conhecer, talvez. Ou aquele que só viria depois de o voltar a desconhecer. Ergueu-se da tranquilidade que se tinha apoderado de si e foi ao seu encontro. Um encontro saudoso e inocente como da primeira vez. Talvez ainda mais. Um minuto eterno de amor apagado com o passar dos anos, agora relembrado numa troca de olhares fugazes e descompassados. Um compasso rapidamente lento. Lentamente veloz. Triste de tanta alegria. Alegre tantas eram as lágrimas.