domingo, setembro 28, 2008

My Blueberry Nights



"Goodbye doesn't always mean the end, sometimes it means a new begining."

domingo, junho 03, 2007

Hawaii

"...I wish you were here with me,
walking on the beach in Hawaii
playing on the golden sand,
looking at the ocean
now I understand
love is like the open sea,
and I wish you were here with me
on the beach in Hawaii..."

E foi ao som do Hawaii que chegou mais um sorriso :)

terça-feira, maio 22, 2007

Dança

E foi ao som daquela música que percebeu tudo o que o mundo tinha para lhe dar. Corridas incessantes contra um tempo já passado, lágrimas de cansaço perdidas num baú de recordações, pensamentos cinzentos revoltos em ondas de teimosia. Tudo isto tinha chegado ao fim, ali, naquele compasso.
Um flash tímido gravou aquele momento. Dois sorrisos de inocência marcaram um longo minuto de prazer. A lua, lá fora, brilhava como naquele último dia de verão. Um brilho suave e fresco de pista de gelo, tão branco e profundo, sereno à espera da passagem do patim. O deslizar em forma de dança, a música como pano de fundo, a imensa plateia a ansear a pirueta... A liberdade de sentir o vento sobre a pele, voar sem asas e bem longe do céu.
A música acabou. O minuto chegou ao fim.O silêncio apoderou-se de tudo.
Deram as mãos e saíram para dançar.

terça-feira, março 06, 2007

"E escrevi o teu nome e o teu número de telefone numa página da agenda do mês de Fevereiro. E, ao escrevê-lo, sabia que era uma despedida, mas todo o mês de Março nos arrastámos na despedida, como caranguejos na maré vazia. Sem ti, lancei outras raízes, construí pátios e terraços, fontes cujo som deveria apagar todos os silêncios, plantei um pomar com cheiro a damasco, mandei fazer um banco de cal à roda de uma árvore para olhar as estrelas do céu, um caminho no meio do olival por onde o luar pousaria à noite, abóbodas de tijolo imaginadas pelo mais sábio dos arquitectos e até teias de aranha suspensas no tecto, como se vigiassem a passagem do tempo. Nada disso tu viste, nada te contei, nada é teu. Sozinhos, eu e a aranha pendurada na sua teia, comtemplámo-nos longamente, como quem se descobre, como quem se recolhe, como quem se esconde. Foi assim que vi desfilar os anos, as paredes escurecendo, um pó de tijolo pousando entre as páginas dos mesmos livros que fui lendo, repetidamente. Heathcliff e Catarina Linton destroçados outra vez pela minúcia do tempo.
Como explicar-te como tudo isto se te tornou alheio, como tudo te pareceria agora estranho, como nada do que foi teu vigia o teu hipotético regresso? Ulisses não voltará a Ítaca e Penélope alguma desfará de noite a teia que te teceste.
E arranquei a página da agenda com o teu nome e o teu número de telefone. Veio a seguir Abril e depois o Verão. Vi nascer a flor da tremocilha e das buganvílias adormecidas, vi rebentar o azul dos jacarandás em Junho, vi noites de lua cheia em que todos os animais nocturnos se chamavam rãs, corujas e grilos, e um espesso calor sobre a devassidão da cidade. E já nada disto, juro, era teu.
E foi assim que descobri que todas as coisas continuam para sempre, como um rio que corre ininterruptamente para o mar, por mais que façam para o deter.
Sabes, quem não acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes. Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos; acredita na integridade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos.
E a tua voz ouço-a agora, vinda de longe, como o som do mar imaginado dentro de um búzio. Vejo-te através da espuma quebrada na areia das praias, num mar de Setembro, com cheiro a algas e a iodo. E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu para sempre."

In, Não te Deixarei Morrer David Crockett, Miguel Sousa Tavares

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Domingo

Era domingo. Um domingo quente e ansioso. O céu tingia-se de uma leve brisa nebulosa que embaciava o olhar. Um olhar suave e discreto espreitava por entre as ramagens frágeis de fim de inverno. A claridade tonava-a pálida. Uma palidez de alma da qual saltava o vermelho sangue do seu verniz.
De repente aquele olhar despiu-se de vergonhas e tornou-se forte e desconcertante. De um verde esmeralda brilhante. Tão brilhante como nunca o tinha conhecido. O verde de antes de o conhecer, talvez. Ou aquele que só viria depois de o voltar a desconhecer. Ergueu-se da tranquilidade que se tinha apoderado de si e foi ao seu encontro. Um encontro saudoso e inocente como da primeira vez. Talvez ainda mais. Um minuto eterno de amor apagado com o passar dos anos, agora relembrado numa troca de olhares fugazes e descompassados. Um compasso rapidamente lento. Lentamente veloz. Triste de tanta alegria. Alegre tantas eram as lágrimas.

domingo, fevereiro 04, 2007

Beijo

A lua olhou-a. A brisa de fim de noite tornou-se depressa desconfortável. O tempo parou. Sem limites, sem medos. Aquele beijo cristalizado num ínfimo minuto trouxera-lhe um sorriso. Um minuto eterno de desejo e tentação. Como seria se a lua não estivesse ali? Se fossem só os dois? Sentiu-se por momentos na própria lua, rodeada de flores de mil cores, arco-íris infinitos, mares de um azul mais cristalino que os seus olhos. Quis chorar. Não conseguiu. Sorrir era ingénuo demais. Esperou o momento certo. Levantou-se e fugiu.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007


Também ia até à praia. Sentir a maresia a tocar no corpo, o cabelo ao vento, sem medo. Ouvir o mar a passear na areia, o sol a abraçar as rochas. Correr sem rumo, sem horas, sem vergonha. Gritar um segredo da minha alma guardado pela natureza. Sonhar contigo, tu e eu, celebrar este quadro magnífico à nossa frente. Esquecer tudo e todos, perder-me em ti, como as ondas, ali à nossa frente.