terça-feira, fevereiro 13, 2007

Domingo

Era domingo. Um domingo quente e ansioso. O céu tingia-se de uma leve brisa nebulosa que embaciava o olhar. Um olhar suave e discreto espreitava por entre as ramagens frágeis de fim de inverno. A claridade tonava-a pálida. Uma palidez de alma da qual saltava o vermelho sangue do seu verniz.
De repente aquele olhar despiu-se de vergonhas e tornou-se forte e desconcertante. De um verde esmeralda brilhante. Tão brilhante como nunca o tinha conhecido. O verde de antes de o conhecer, talvez. Ou aquele que só viria depois de o voltar a desconhecer. Ergueu-se da tranquilidade que se tinha apoderado de si e foi ao seu encontro. Um encontro saudoso e inocente como da primeira vez. Talvez ainda mais. Um minuto eterno de amor apagado com o passar dos anos, agora relembrado numa troca de olhares fugazes e descompassados. Um compasso rapidamente lento. Lentamente veloz. Triste de tanta alegria. Alegre tantas eram as lágrimas.

domingo, fevereiro 04, 2007

Beijo

A lua olhou-a. A brisa de fim de noite tornou-se depressa desconfortável. O tempo parou. Sem limites, sem medos. Aquele beijo cristalizado num ínfimo minuto trouxera-lhe um sorriso. Um minuto eterno de desejo e tentação. Como seria se a lua não estivesse ali? Se fossem só os dois? Sentiu-se por momentos na própria lua, rodeada de flores de mil cores, arco-íris infinitos, mares de um azul mais cristalino que os seus olhos. Quis chorar. Não conseguiu. Sorrir era ingénuo demais. Esperou o momento certo. Levantou-se e fugiu.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007


Também ia até à praia. Sentir a maresia a tocar no corpo, o cabelo ao vento, sem medo. Ouvir o mar a passear na areia, o sol a abraçar as rochas. Correr sem rumo, sem horas, sem vergonha. Gritar um segredo da minha alma guardado pela natureza. Sonhar contigo, tu e eu, celebrar este quadro magnífico à nossa frente. Esquecer tudo e todos, perder-me em ti, como as ondas, ali à nossa frente.