terça-feira, julho 04, 2006

Guincho

O Guincho aqui tão longe.
A areia senti-a a escaldar, como se o mar nunca a tivesse tocado...sequer olhado. Doce e suave como o sol. Forte e guerreira como as ondas. Medrosa como eu.
Trazia consigo o cheiro, a maresia, o calor... Abri-a.
O vento soltou-me o cabelo. Os salpicos das ondas na pele trouxeram recordações guardadas em gavetas esquecidas. Caminhei. As pegadas apagavam-se como o quebrar do lacre vermelho digno do tempo dos reis e das princesas.
O som.
Ouvir o mar por entre um búzio abadonado ali por uma qualquer criança. Coleccionar conchas perdidas, correr sem rumo...
Pegar na prancha e entrar naquele azul sem fim. Remar contra a maré.
O frio que sabe bem, o sal nos lábios, o medo e a vontade de voar. O horizonte mesmo ali à frente. Tão longe ou tão perto. A ansiedade daquela onda. Aquela em que o tempo pára. Em que deixo de ouvir. Em que o mundo é só meu.
A companhia do pôr-do-sol.
Aquela música de verão.
A tua companhia.