quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Assim

Tinha dias assim. Um feeling que ia ser perfeito, que nada podia correr mal. Imaginava qual poderia ser a novidade, a surpresa, a conversa, a pessoa ou o encontro que a faziam sorrir à medida que os minutos avançavam.
Mas hoje era diferente. Sentia-se feliz por querer que acontecesse algo que a tornasse feliz, contudo, nunca tinha tido tanta certeza que nada iria acontecer. Ironia dos sentimentos ou do destino? Hoje não ia ser. Sabia. Mas esperou até ao último segundo, até às suas últimas forças daquele dia tão longo. Até ao fechar dos olhos, quando a certeza de que a sua inocente felicidade não ia ser naquele dia atendida já se tinha tornado um facto. Um facto triste, talvez até impossível de algum dia se transformar numa vida alegre e sorridente.
Fechou os olhos e dormiu.

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Tu e Eu

"É assim, simplesmente, porque o sentido das coisas não está nas coisas mas em ti." (...) "E foi então, de seguida, que os lábios dele se aproximaram de mim, e a cara toda, e me obrigou a fechar os olhos outra vez para recolher aquele prazer tão estranho que vinha não sei de onde e eu pensei: eu estou aqui com o meu amor e nada de mal me vai acontecer enquanto estiver com ele e ele comigo por cima desta terra debaixo deste céu." (...) "e o que seja isso de gostar que traz duas coisas tão próximas que as põe misturadas numa só e as outras tão distantes que se apagam facilmente. As duas coisas somos tu e eu, dizia."

in "Muito, meu amor", Pedro Paixão

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Podes vir se quiseres

"Não te quero ver. Amo-te muito. Não há nada que se possa fazer. Tudo é a mesma coisa que nada e nada me apetece senão estar assim contigo, sem te ver.

E no domingo à tarde podes vir se quiseres.

No domingo talvez. No domingo, hoje não, nem amanhã sequer. Está decidido. Não, não vou telefonar. Está decidido. Não te quero ver. No domingo talvez. Ao fim da tarde, pode ser. Não é para ser nada de romântico. Tu não és romântico, se há coisa que tu não és é romântico. Tu és um perverso, isso sim, talvez seja isso o que tu és. E os teus pecados, não há nada que eu goste mais em ti do que os teus pecados, meu querido, abraça-me, cala-me, faz-me desaparecer."


in "muito,meu amor", Pedro Paixão