sábado, outubro 30, 2004

Fuga

Sem rumo, sem tempo, sem destino. Saí. Peguei no melhor casaco, já que não sabia quando iria voltar. Fugi daqui. Destas pessoas, deste espaço, deste mundo. As ruas estavam desertas, como se todos soubessem o meu desejo de não encontrar ninguém. O silêncio reinava naquele fim de tarde que chamava pela noite. Nada existia. Só eu e a minha sombra. O eco dos sapatos no passeio lembrou-me aquela música. Aquela que gostei desde a primeira vez que ouvi. Comecei a cantar. De vez em quando um gato surgia de uma esquina como se me quisesse ouvir. Passei por todas aquelas ruas que tantas lembranças me traziam. Bancos de jardim partidos, portas entreabertas, árvores envelhecidas pelo tempo. Sempre gostei da árvore do tronco branco, lembras-te? Fazia-me lembrar uma mão esguia com uma luva de cetim, suave e brilhante. Parei para contemplá-la. Até a sua beleza tinha desaparecido. Tudo parecia triste e com medo, mas ao mesmo tempo a torre sorriu-me como que a pedir-me para não partir. Então tive pena e percebi. Finalmente percebi o porquê do refrão daquele fado. Agora percebo. "Coimbra tem mais encanto na hora da despedida."

quinta-feira, outubro 28, 2004

Notting Hill

"After all, I'm just a girl, standing in front of a boy, asking him to love her."

segunda-feira, outubro 25, 2004

Chuva

"Sem chuva não há arco-íris."

domingo, outubro 24, 2004

Arco-Íris

Peguei na maior tela que encontrei e rodeei-me de uma paleta multicolor. Jactos e manchas de tinta voaram sobre mim com a força de um Pollock e caíram naquela imensa brancura. Só faltava uma cor. Não estava lá. Procurei e sorri. Finalmente tinha desaparecido. Hoje não havia preto. Apenas cores fortes, vivas, sorridentes, alegres, estridentes...
O preto deixou de existir em mim.
As cores voltaram.

Obrigada.

quarta-feira, outubro 20, 2004

Angústia II

Hoje a angústia é ainda maior...

domingo, outubro 17, 2004

Anoitecer

A noite caiu fria e pesada. A saudade invadiu-me como se se quisesse apoderar de mim e levar-me dali. Lembrei-me como gostava de me deitar no teu colo a ver as estrelas. Sempre gostei delas. Tão brilhantes e delicadas. Como todas aquelas rosas. Hoje não havia estrelas nem rosas. Apenas a escuridão e o frio do Outono. Fiquei comigo. O tempo custou a passar, como se tudo estivesse parado, como se tudo fosse acabar. Quis adormecer e voltar a sorrir.

sábado, outubro 16, 2004

Baci

Ontem recebi um beijo. Lá dentro encontrei isto:

Love is a smoke raised with the fume of sighs.
W. Shakespeare

quarta-feira, outubro 13, 2004

Silêncio

Silêncio, bem-estar e natureza. Eu e tu. NÓS. Queria estar ali agora contigo. RITMOS DE SEMPRE, savanas infinitas. ÁFRICA MINHA, SUA...DE NINGUÉM.
"Cheira a mar, amor." FALA BAIXINHO.
QUERO QUE NUNCA ACABE, quero ficar para sempre, quero que nunca seja tarde, QUERO SER PARTE DO SONHO. A qualquer hora do dia ou da noite. VULTOS, SOMBRAS, ESPECTROS, vão e vêm na penumbra, vamos também nós, vós, SER CÚMPLICES DO SILÊNCIO.
NÃO HÁ HORA DE DESPEDIDA, aqui nunca haverá. Ninguém se despede DAQUILO QUE FICA PARA SEMPRE.

terça-feira, outubro 12, 2004

Sonho

Será que ainda te lembras? Será que pensas tanto como eu? Será que também tu sonhas como eu? Leva-me até Sintra. Faz-me sonhar que sou uma princesa. Passear por todos aqueles jardins, deliciar-me com os palácios. Voar no tempo e encantar-me com o som das carruagens, montar todos aqueles cavalos lusitanos. Entar no mais belo sonho. O vestido é lindo. O som dos sapatos pelos longos corredores do palácio é, por vezes, assustador. Espera-nos o salão cheio da mais alta nobreza. Todos aqueles olhos concentram-se em nós. Eu e tu. A música embala-nos e dançamos ao som daquela valsa sem fim. Tudo o que sempre sonhei. Tudo o que sempre quis. Tenho saudades. Faz-me voltar a sonhar.

domingo, outubro 10, 2004

Angústia

Li algures sobre "a angústia do arquitecto perante a folha em branco"...
É assim que me sinto.

sábado, outubro 09, 2004

Sorriso

Hoje chorei de alegria.

sexta-feira, outubro 08, 2004

Acordar

Abri os olhos e olhei à minha volta. Ao meu lado havia apenas um espaço vazio envolvido na imensa brancura dos lençóis. Não estavas. As saudades inundaram-me de lágrimas e pediram que procurasse mais uma vez. Olhei com a maior precisão que pude. Com a maior vontade de te descobrir. Voltei a não te encontrar. Imaginei então... A porta entreaberta, os ténis à entrada, as roupas espalhadas pelo chão. E ali, mesmo ao meu lado, dormias como um anjo. Como sempre. Como todos os dias. Para sempre.

terça-feira, outubro 05, 2004

Caixinha de Surpresas

" -Não! Não! Não quero um elefante dentro de uma jibóia para nada! As jibóias são perigosas de mais e os elefantes ocupam espaço de mais. O meu sítio é muito pequenino... Preciso é de uma ovelha.
E eu desenhei.
Depois de examinar o meu desenho com muita atenção, o menino exclamou:
-Naõ, assim não! Esta já está muito doente! Arranja-a.
E eu obedeci.
O meu amigo sorriu gentilmente, com indulgência:
-Vê lá se percebes... Isto não é uma ovelha, é um carneiro. Tem cornos...
Fiz o desenho outra vez. Mas tal como os anteriores, também foi rejeitado:
-Esta é velha de mais. Eu quero é uma ovelha que viva muito tempo.
Então, já sem grande paciência, porque estava com pressa de começar a desmontar o motor, rabisquei este desenho.
E arrisquei:
-Isto é a caixa. A ovelha que tu queres está lá dentro.
Para grande espanto meu, vi que o rosto do meu jovem juiz se iluminava.
-Era mesmo, mesmo assim que eu a queria! Achas que esta ovelha vai precisar de muita erva?
-Porquê?
-Porque o meu sítio é muito pequenino...
-Mas chega, com certeza. A ovelha que te dei é muito pequenina.
Baixou a cabeça para o desenho:
-Tão pequenina como isso também não... Olha! Adormeceu...
E foi assim que eu travei conhecimento com o principezinho."


Passados alguns anos sem lhe pegar e ao passar os olhos pela estante, resolvi tirá-lo da prateleira para relembrar uma das histórias mais bonitas que alguma vez li. Não tenho palavras para descrevê-lo... é simplesmente lindo.
Aquele menino loiro, sonhador fez-me ver como é bom sonhar e lembrei-me de como me achei parecida com ele da primeira vez que o li. Agora sinto o mesmo. Aliás... ainda me sinto mais parecida com ele.
E agora, que já tenho a caixinha, ainda estou mais perto dele.
Obrigado pricipezinho por me fazeres sonhar!

sexta-feira, outubro 01, 2004

Azul

Um caminho sem fim levou-me até lá...ainda ao longe comecei a ouvi-lo. Uma voz inegualável, forte, calmante...um som que eu nunca me cansarei de ouvir...Subi e finalmente vi-o. Ali estava ele, à minha frente, mais bonito do que nunca, mais imponente do que todas as vezes, mais azul do que o céu mais azul de todo o sempre. Desde pequenina me encantou. Mas agora, passados estes anos, que cada vez fogem mais depressa, ainda me fascina mais. Agora estava ali, diante dele, mas era diferente. Já não era aquela menina de cabelos ao vento dentro de um vestido azul e chapéu de palha...Tinha de agir. Transformar aquele espaço tão maravilhoso. Tive medo. Sabia que nunca ia ficar tão bonito como estava agora...diante de mim. As ideias começaram a fervilhar. Inspiraste-me. O teu azul fez-me sonhar. A criação partiu de ti. Eu limitei-me a contemplar-te. Obrigado.